Rapaz, essa história de descobrir pra que time a pessoa torce… às vezes vira uma saga, né? Lembro de uma vez no trabalho antigo, chegou um colega novo, o Ricardo. Gente boa, quieto na dele. Mas aí já sabe, né? No Brasil, futebol é quase assunto obrigatório. E a gente naquela: “será que é dos nossos? Será que é rival?”.
Comecei a minha investigação particular. Não dava pra perguntar direto assim na lata, né? Podia ficar um clima chato se ele torcesse pro time “errado”, digamos assim. Então, fui na maciota. Primeiro, prestei atenção nas conversas na hora do café. Quando alguém falava de jogo, eu olhava de canto de olho pra ver se ele esboçava alguma reação, um sorrisinho, uma cara feia… nada. O cara era uma esfinge.
A caçada por pistas continuou
Parti pra outros métodos. Tentei reparar nas roupas. Sabe como é, segunda-feira depois de vitória, a galera gosta de usar uma camisa do time, uma corzinha discreta… Mas o Ricardo? Só camisa social, cor neutra. Parecia que fazia de propósito! Fiquei pensando: será que ele nem liga pra futebol? Impossível, aqui todo mundo tem um time no coração, mesmo que não acompanhe tanto.
Teve um dia que rolou um bolão pra um jogo importante do campeonato. Pensei: “agora vai!”. Fui lá, todo simpático, ofereci pra ele participar. Ele agradeceu, disse que não entendia muito, que não ia saber em quem apostar. Desistiu de participar! Aí eu já tava ficando intrigado de verdade. Qual era o mistério daquele homem?
Cheguei a olhar a mesa dele, procurando alguma coisinha, sabe? Um chaveiro, um adesivo discreto no notebook, qualquer coisa! Minha lista de táticas era essa:
- Analisar reações em conversas sobre futebol.
- Verificar vestuário, especialmente às segundas.
- Checar a mesa de trabalho por itens suspeitos.
- Tentar puxar assunto sobre jogos antigos, clássicos…
Falhou tudo. O cara era bom em se esconder. Ou então, ele realmente não tinha time, o que pra mim era quase inacreditável.
Um dia, meses depois, estávamos num churrasco da firma. Já tinha até esquecido dessa minha “missão”. Aí toca o hino de um time na caixinha de som, um time aqui do estado, mas nem tão popular na capital. De repente, vejo o Ricardo, lá no canto, batucando na mesa e cantarolando baixinho. Era daquele time! Um time que nem passou pela minha cabeça. Fiquei olhando pra ele, ele percebeu, deu um sorriso meio sem graça. “Pois é, meu time de infância lá do interior”, ele disse.
No fim das contas, era só isso. Ele não era um espião clubístico nem nada. Só torcia pra um time mais modesto, talvez ficasse meio sem jeito de falar no meio daquela gritaria toda dos times grandes. Foi engraçado pensar no tempo que perdi tentando adivinhar. Às vezes a gente complica demais, né? Era só perguntar de boa, mas a gente cria toda uma teoria da conspiração. Pelo menos a curiosidade acabou.