Olha, vou contar pra vocês uma coisa que andei fazendo esses dias. Sabe aquele par de tênis velho de guerra, que já tá pedindo arrego, mas que a gente se recusa a jogar fora? Pois é, eu tinha um desses. Companheiro de muitas caminhadas, já tava com a sola meio solta, uns rasgados aqui e ali. Pensei: “não é possível, não vou jogar isso fora ainda não”.

Aí me veio a ideia maluca: e se eu tentasse dar um jeito nele, mas um jeito bruto mesmo, pra durar mais um bocado? Queria fazer um negócio quase indestrutível, um verdadeiro tênis de ferro, como comecei a chamar na minha cabeça.
Primeiro passo: A Limpeza e Análise do Estrago
Primeira coisa foi dar um trato nele. Lavei bem, tirei a sujeira grossa pra poder enxergar direito onde o bicho tava pegando. E tava feio:
- A sola descolando feio na frente e um pouco na lateral.
- Um rasgo considerável perto do dedinho, o tecido já esgarçado.
- A borracha da frente toda ralada, quase furando.
Vi que ia dar trabalho, mas já tava decidido.
Mão na Massa: Colando e Costurando
Fui atrás de material. Achei uma cola de contato daquelas bem fortes, que falam que cola até pensamento. Pra parte do tecido, peguei uma linha grossa, tipo de sapateiro mesmo, e uma agulha que desse conta.
Comecei pela sola. Passei cola nas duas partes, esperei aquele tempo que manda na embalagem, pra cola ficar no ponto. Juntei com força, pressionei bem. Pra garantir, botei uns pesos em cima e deixei lá, quieto, de um dia pro outro. Nada de pressa nessa hora.

No dia seguinte, fui ver a sola: grudada! Firme e forte. Aí parti pro rasgo. Com paciência, fui costurando o tecido, dando ponto firme, pra não abrir mais. Não ficou bonito, confesso, ficou uma costura meio grosseira, mas parecia resistente.
O Reforço Final: A “Blindagem”
Com a estrutura principal consertada, faltava dar aquela reforçada geral. Lembrei de ter visto umas colas que viram uma borracha flexível, usei uma dessas. Passei uma camada generosa onde a borracha original tava gasta, principalmente na biqueira e nas laterais. Espalhei bem, tentando deixar o mais uniforme possível, mas sem muita frescura.
Essa parte demorou pra secar também. Deixei o tênis lá no canto por mais uns dois dias, pra ter certeza que tava tudo curado. O cheiro da cola era forte, tive que deixar na área de serviço.
O Resultado: Nasceu o Tênis de Ferro!
E aí fui ver como ficou. Olha, bonito não ficou. O tênis ficou com uma aparência meio remendada, a costura visível, a borracha extra meio brilhante. Mas quando peguei na mão, senti a diferença. Tava mais pesado, mais rígido. Calcei pra ver.
Rapaz, que diferença! O tênis ficou firme no pé, aquela sensação de coisa robusta, sabe? A sola não dava nem sinal de querer descolar, e a parte que reforcei com a cola emborrachada parecia que aguentava qualquer coisa. Dei umas andadas, pulei um pouco. Tava lá, inteiro!

Não é o tênis mais confortável do mundo agora, ficou meio duro. Mas pro que eu queria, que era um tênis pra usar em serviço pesado, pra mexer no quintal, fazer obra em casa, ficou perfeito. O apelido “tênis de ferro” pegou. Não pela aparência metálica, porque nem pintei nem nada, mas pela resistência bruta que ele ganhou.
Deu um certo trabalho? Deu. Compensa mais que comprar um novo? Depende do valor que você dá pra coisa. Pra mim, valeu cada minuto. Recuperar algo com as próprias mãos tem seu valor. E agora tenho meu par de tênis de ferro pra qualquer parada!