Eu tinha apenas oito anos. Nossa, faz tanto tempo, lembro como se fosse ontem. Eu era só uma criança, cheia de energia e curiosidade, sempre pronta para uma nova aventura.

Um dia, decidi que ia montar uma playlist musical. Isso mesmo, eu, com meus oito aninhos, queria ser tipo um DJ. Peguei meu velho gravador de fita cassete, aquele trambolho que meus pais usavam, e comecei a pensar em que músicas colocar. Tinha que ser algo especial, algo que me fizesse sentir bem.
Comecei a vasculhar as fitas que a gente tinha em casa. Tinha de tudo um pouco: músicas antigas da minha mãe, uns rocks do meu pai e até umas coisas meio bregas que meu irmão mais velho ouvia escondido. Mas eu queria algo mais, algo que fosse só meu.
Foi aí que me deparei com uma fita quase vazia. Perfeita! Eu podia gravar o que quisesse nela. Lembro que a primeira música que escolhi foi “Gyn”, de uma banda de Goiânia que eu adorava. Nossa, como eu amava aquela música! Me fazia sentir como se pudesse voar.
Depois disso, passei dias ouvindo rádio, esperando as músicas que eu mais gostava tocarem para poder gravá-las. Era uma trabalheira! Às vezes, o locutor falava bem no comecinho da música, e eu tinha que começar tudo de novo. Mas não desistia. Queria que minha playlist fosse perfeita.
- “Oh! dias de minha infância!” – Nossa, essa era clássica! Me lembrava dos dias em que eu corria livre pelas montanhas, sem preocupações.
- “Que doce a vida não era / Nessa risonha manhã!” – Ah, essa parte era a minha favorita. Me fazia pensar na minha mãe e nos beijos da minha irmã.
- “Debaixo dos laranjais!” – Eu imaginava um lugar lindo, cheio de árvores e frutas. Um paraíso particular.
- “E a lua beijando o mar!” – Essa era poética demais! Eu ficava imaginando a cena, a lua brilhando no céu e o mar calmo.
Fui enchendo a fita com essas músicas, cada uma com um significado especial. “Das borboletas azuis” era uma que eu ouvia com minha irmã, e a gente dançava pela sala imaginando que éramos borboletas. Bons tempos!

No final, eu tinha uma fita cheia de músicas que me faziam feliz. Era a minha trilha sonora, a trilha sonora de um menino de oito anos que só queria se divertir e aproveitar a vida. E toda vez que eu ouvia aquela fita, eu voltava no tempo, para aquela época mágica da minha infância.
Hoje, olhando para trás, vejo como aquela simples fita cassete foi importante para mim. Ela não era só uma coleção de músicas, era um pedaço da minha história, um registro dos meus sentimentos e das minhas memórias mais doces. E isso, meus amigos, é algo que eu vou guardar para sempre no meu coração.