A Jornada da Minha Promessa
Sabe, tem um tempo já que fiz uma promessa pra mim mesmo. Daquelas que a gente faz num impulso, sabe? Vi um cara tocando violão na praça, uma coisa simples, mas me bateu forte. Lembrei que sempre quis aprender, desde moleque. Naquele dia, falei pra mim: “Agora vai. Eu vou aprender a tocar essa joça.” Parecia fácil na hora.
Primeiro passo: arrumar um violão. Tinha um velho lá em casa, herança do meu tio, jogado num canto. Tirei a poeira, as cordas estavam um lixo. Fui na loja, comprei corda nova, dei um trato nele. A empolgação era grande, confesso. Me senti o próprio músico já.
Aí sentei pra aprender. Peguei uns vídeos na internet, aqueles tutoriais pra iniciantes. Meu amigo, que negócio difícil! Os dedos não obedeciam, doíam pra caramba. Aquele acorde de Fá? Nossa senhora, parecia impossível. Passei semanas tentando fazer ele soar limpo. Frustrante demais.
Teve dia que deu vontade de largar tudo. Pensava: “Pra que isso? Tenho mais o que fazer.” O trabalho apertava, a vida corrida… o violão ia ficando de lado. A poeira começava a acumular de novo. A promessa? Ah, ela ficava lá no fundo da mente, me cutucando.
- Dedo doendo
- Som saindo abafado
- Falta de tempo
- Vontade de desistir
Mas aí, num fim de semana, sem nada pra fazer, peguei ele de novo. Por teimosia, talvez. E não é que o tal do Fá saiu? Meio capenga, mas saiu! Que sensação boa! Comecei a juntar uns acordes, arrisquei uma música da Legião Urbana, bem fácil. Foi uma vitória pequena, mas foi minha vitória. Mostrei pra minha esposa, ela até bateu palma (acho que mais de pena, mas valeu).
Isso deu um gás novo. Entendi que não ia virar o Jimi Hendrix da noite pro dia. Nem era esse o objetivo, na verdade. A parada era cumprir a promessa que fiz pra mim. Voltei a praticar, sem pressão. Um pouquinho todo dia, ou quando dava. Às vezes só arranhava umas notas, outras vezes ficava mais tempo.
Hoje ainda tô aprendendo. Bem longe de ser bom. Mas o violão não tá mais jogado no canto. A promessa tá sendo cumprida, no meu ritmo, do meu jeito. Aprendi mais do que acordes. Aprendi a ter paciência comigo mesmo, a não desistir fácil. E que cumprir uma promessa, mesmo que pequena, faz um bem danado pra gente.
É isso. Foi mal aí o desabafo meio longo, mas é a vida real, né? Com os perrengues e as pequenas alegrias. A promessa continua.