Olha, vou te contar uma coisa. Esses tempos atrás eu tava numa de querer organizar a vida, sabe? A papelada se acumulando, as tralhas tomando conta, aquela sensação de que a casa (e a cabeça) iam explodir. Foi aí que, fuçando pela internet, esbarrei num tal de método chamado “Villefort Tito”. O nome era chique, parecia coisa de gente importante, e prometia ser a solução pra todos os meus problemas de desorganização. Pensei: é esse!

Então, lá fui eu, todo animado, mergulhar de cabeça no tal do Villefort Tito. A primeira coisa foi tentar seguir o manual à risca. Sério, tinha umas regras que pareciam ter saído de um filme de ficção científica. Coisas do tipo:
- Etiquetar absolutamente TUDO com um sistema de cores que nem o arco-íris completo daria conta.
- Guardar cada tipo de objeto numa caixa específica, de um material específico, comprado num lugar específico (e caro, claro).
- Revisar a organização inteira a cada 48 horas, como se a gente não tivesse mais nada pra fazer da vida.
Comprei umas prateleiras novas, umas caixas que o método sugeria, e passei um fim de semana inteiro tentando enfiar minha vida naquele esquema. Rapaz, que sufoco! Em vez de me sentir organizado, eu ficava era mais ansioso. Tinha hora que eu olhava praquela parafernália toda e pensava: “Será que esse Villefort Tito já teve que procurar uma meia perdida às sete da manhã de uma segunda-feira?”. Cheguei perto de chutar o balde várias vezes.
Aí eu pensei: Chega desse Villefort Tito engessado!
Foi aí que me deu um estalo. Quer saber? Esse método todo certinho, todo engomadinho, não era pra mim. Minha vida não é um manual de instruções. Então, decidi pegar a ideia central do Villefort Tito, que era basicamente botar ordem na casa, mas fazer do meu jeito, com as minhas coisas, no meu tempo.
Comecei a usar as caixas de sapato velhas que eu já tinha. Separei as coisas em categorias que faziam sentido pra mim, tipo “coisas que uso todo dia”, “papelada pra resolver logo” e “tralhas que um dia talvez eu precise (ou não)”. Nada de código de cores mirabolante. Se eu batesse o olho e entendesse, tava ótimo. Ignorei solenemente a regra de revisar tudo a cada dois dias. Eu ia arrumando conforme a necessidade aparecia.
E não é que o meu “Villefort Tito Tabajara” começou a funcionar? A bagunça diminuiu de verdade. As coisas ficaram mais fáceis de achar. Não ficou aquela organização de capa de revista, cheia de frufru, mas ficou funcional. Ficou com a minha cara.

A grande lição que eu tirei dessa história toda com o Villefort Tito é que nem sempre o que parece perfeito no papel funciona na vida real. A gente vê muita dica por aí, muita “fórmula mágica”, mas o que importa mesmo é a gente adaptar as coisas pra nossa realidade, pro nosso dia a dia corrido. Às vezes, a gente precisa ignorar um pouco o manual e só… fazer acontecer. Do nosso jeito. E quer saber? Geralmente dá certo.