Hoje vou contar como aprendi a respirar direito na corrida, porque no começo foi um desastre total. Tudo começou quando resolvi virar corredor de rua do nada, sem preparo nenhum.
A loucura inicial
Peguei um tênis velho, botei um short e pensei: “como é difícil isso aqui?”. Mal dei três passos e já tava engasgando igual peixe fora d’água. Minha garganta ardia, o peito doía e as pernas pareciam de chumbo. Até minha costela começou a latejar daquela dor chata de lado.
O teste da respiração
No outro dia tentei de novo, mas prestando atenção. Fechei os lábios e inspirei só pelo nariz – resultado? Virou um sufoco! Tive que parar no meio da calçada curvado, segurando o joelho. Depois tentei só pela boca, abrindo que nem um cachorro no calor. Aí entrou um monte de mosquito e quase engasguei com uma mosca.
As tentativas foram:
- Respirar a cada 2 passadas = falta de ar
- Inspirar 3 segundos, expirar 2 = virou hiperventilação
- Contar mentalmente “um-zum-três” = esqueci no terceiro passo
O que finalmente funcionou
Tirei o dia pra correr devagar – tipo velhinha com carrinho de feira. Deixei a boca entreaberta e o nariz livre. Quando o pé esquerdo bateu no chão, soltei o ar naturalmente. Sem contar, sem regra. Aos poucos achei um ritmo:
- Inspirar: dois passos leves
- Expirar: dois passos mais longos
Quando subia ladeira, virava respiração de cachorrinho mesmo: “ha-ha-hu-hu” curto e rápido. Descendo, soltava o ar todo de uma vez como se tivesse assoprando vela de aniversário.
A lição que ficou
Não existe fórmula mágica de respiração! O corpo vai se achar com o tempo. Hoje nem penso mais – só corro. Quando sinto a língua secar ou a costela espetar, já sei: é hora de reduzir o passo e cuspir pra lado. Respirar na corrida é igual andar de bicicleta: no começo cai, depois nem lembra como aprendeu.
Escuta aqui: se alguém te encher com técnica complicada, manda pastar. Coloca o pé na rua, erra, engasga, para, cospe – repete. Uma hora sai natural. Até eu, que quase morria em 100m, agora faço 5km ouvindo o barulho da minha respiração como se fosse trilha sonora.