Olha, vou contar uma coisa que aconteceu comigo esses dias. Resolvi dar uma de artista, sabe? Peguei uma camiseta velha, daquelas beges, meio sem vida, que estava jogada no fundo do armário e pensei: vou tingir isso aqui de marrom. Achei que ia ser moleza, dar uma cara nova pra peça.

Primeiro passo, fui atrás da tinta. Comprei aquele pacotinho de tinta pra tecido, cor marrom café. Cheguei em casa todo animado, preparei a área de serviço pra batalha. Peguei uma bacia velha, esquentei água, segui as instruções direitinho, ou pelo menos achei que estava seguindo. Coloquei o sal grosso que pedia, mexi aquele pó na água quente. Ficou um caldo grosso, cor de barro mesmo.
Mergulhei a camiseta lá dentro. Usei um pedaço de pau pra ir mexendo, pra garantir que a cor pegava por igual. Fiquei ali uns bons minutos, imaginando como ia ficar legal, um marrom bonito, uniforme. Deixei o tempo que mandava na embalagem, pensando “agora vai!”.
A hora da verdade (ou da tragédia)
Passado o tempo, tirei a camiseta da bacia, todo cuidadoso pra não sujar tudo em volta – o que, claro, não adiantou muito. Fui enxaguar na água fria, como mandava o figurino. E aí, meus amigos, veio a surpresa. Que marrom que nada! A camiseta ficou toda manchada, umas partes pegaram a cor forte, outras ficaram meio desbotadas, umas listras esquisitas apareceram do nada. Parecia mais uma camiseta camuflada de floresta seca do que o marrom elegante que eu tinha imaginado.
Pior ainda foi ver que uns pingos daquela água marrom tinham acertado a parede branquinha da lavanderia. Lá fui eu, depois da frustração com a camiseta, ter que esfregar parede. Serviço dobrado!
Na hora, me veio uma lembrança forte de um perrengue parecido que passei num trabalho antigo. A gente tinha um plano, tudo desenhado, parecia simples, direto ao ponto, igualzinho minha ideia de tingir a camiseta. Mas quando começamos a colocar a mão na massa… cada etapa era um parto.

- Ferramenta que não funcionava direito.
- Informação que faltava e ninguém sabia onde achar.
- Gente que parecia remar contra.
- Prazo apertando, aquela pressão básica.
No fim das contas, o projeto saiu, entregamos. Mas saiu meio “marrom manchado”, sabe? Longe do ideal que a gente planejou no começo. Custou um bocado de estresse, café e noite virada. Essa camiseta manchada me lembrou disso. Às vezes, a gente planeja um marrom perfeito, mas o que sai é… bom, é o que dá pra fazer com o que a gente tem na mão e com os imprevistos que aparecem. A gente limpa a sujeira da parede, veste a camiseta manchada (ou joga fora, dependendo do estrago) e segue em frente, né? Fazer o quê.