Olha, hoje eu quero contar uma história aqui, uma coisa que fiz esses dias. Sabe quando você pega uma tranqueira velha e resolve dar um jeito? Foi bem isso. Achei uma cadeira de madeira jogada num canto, toda capenga, manchada, mas eu olhei pra ela e pensei: “isso aqui ainda tem salvação”. E na hora me veio na cabeça o seu Eduardo Gutierrez.
Quem conheceu o seu Eduardo, lá dos tempos da oficina na rua de baixo, sabe do que eu tô falando. O homem era um artista com madeira, fazia milagre. Não era de muita conversa, mas o trabalho dele… nossa senhora. Tudo que eu sei de mexer com madeira, o básico do básico, aprendi de olhar ele fazer, ou das poucas dicas que ele soltava.
Começando a Lida
Então, peguei a tal cadeira. Primeira coisa: limpeza. Tinha poeira de anos, teia de aranha, até umas manchas que nem sei do que eram. Esfreguei bem com um pano úmido e sabão neutro, com cuidado pra não encharcar demais a madeira. Deixei secar na sombra, como o seu Eduardo Gutierrez sempre recomendava, “madeira não gosta de sol forte direto não, resseca tudo”.
Depois veio a parte chata: lixar. Peguei umas lixas, uma mais grossa pra tirar o verniz velho e as imperfeições maiores, e uma mais fina pra dar acabamento. Lembrei do seu Eduardo falando pra lixar sempre no sentido da veia da madeira, “senão você arranha ela toda, estraga o desenho”. Fui na mão mesmo, sentindo a madeira, vendo a cor original começar a aparecer. Deu um trabalhão, meus braços ficaram moídos, mas faz parte.
O Jeito do Eduardo
Aí veio a hora de tratar a madeira. O seu Eduardo Gutierrez tinha uns preparados que só ele sabia fazer, umas misturas de óleo e cera. Como eu não tinha a receita secreta, né, improvisei. Pesquisei um pouco, conversei com um pessoal que mexe com isso e fiz uma misturinha de óleo de linhaça com um tiquinho de aguarrás pra ajudar a penetrar.
Passei com um pano limpo, em todas as partes da cadeira. A madeira chupou o óleo que foi uma beleza, deu pra ver que ela estava seca, precisando. Passei uma camada, esperei umas horas, passei outra. Foram umas três demãos. O cheiro ficou forte no começo, mas depois ficou aquele cheirinho bom de madeira tratada.
- Limpeza: Tirar toda a sujeira grossa primeiro.
- Lixar: Com calma, seguindo os veios da madeira. Começar grosso, terminar fino.
- Tratamento: Usar um óleo bom, passar em camadas finas, esperar secar entre elas. Paciência!
Finalizando a Peça
Depois que o óleo secou bem, uns dois dias depois, resolvi passar uma cera pra dar um brilho e proteger mais. Usei uma cera de carnaúba mesmo, dessas que a gente acha fácil. Apliquei com um pano, esperei um pouco e depois dei aquela lustrada boa com uma flanela seca. A madeira ficou com um toque macio, lisinha.
Os encaixes da cadeira estavam meio frouxos. Usei uma cola de madeira boa, prendi com uns sargentos (aqueles grampos de apertar) e deixei secar de um dia pro outro. Ficou firme de novo.
O Resultado
E quer saber? A cadeira ficou outra vida! Não ficou perfeita, claro, tem as marcas do tempo, umas cicatrizes que contam a história dela. Mas ficou bonita, firme, com cara de móvel bem cuidado. Deu um trabalho danado, não vou negar. Teve hora que pensei em desistir, principalmente na hora de lixar aqueles cantinhos chatos.
Mas valeu a pena. Lembrei muito do seu Eduardo Gutierrez durante todo o processo. Do jeito quieto dele, da paciência, do respeito que ele tinha pela madeira. Foi quase como ter ele ali do lado, dando umas broncas quando eu apressava as coisas. É isso, às vezes pegar uma coisa velha e dar um trato, com as próprias mãos, ensina mais do que muito curso por aí. Fica a dica aí pra vocês!