Olha, vou te falar uma coisa sobre essa dupla, Mano Menezes e Yuri Alberto. Passei um bom tempo quebrando a cabeça com esses dois, viu? Não foi pouco, não. E não é por ser fã de um ou secador do outro, nada disso. É que a dinâmica ali, ou a falta dela às vezes, me deixava com a pulga atrás da orelha.

Minha “prática”, se é que dá pra chamar assim, começou numa daquelas resenhas de boteco, sabe como é? Um camarada meu, fanático pelo time dele, defendendo o Mano com unhas e dentes, e outro, que nem liga tanto pra futebol mas adora dar um pitaco, falando que o Yuri Alberto era só fogo de palha. Eu, que gosto de tentar entender o lado mais tático da coisa, resolvi mergulhar um pouco mais fundo. E lá fui eu, feito um doido varrido:
- Fiquei revendo uns jogos, mas não a partida inteira, saca? Eu focava nos lances dos dois, o que faziam, pra onde corriam.
- Tentava decifrar as instruções do Mano ali da beirada do campo, aquelas gesticulações todas, os gritos que a TV às vezes pegava.
- Analisava o jeito que o Yuri se mexia em campo, se ele parecia estar na mesma página do treinador, ou se estava mais perdido que cachorro em dia de mudança.
E o que eu “descobri” com essa minha fuçada toda? Bom, pra ser bem honesto, saí com mais dúvida do que certeza. Que trabalheira que às vezes parecia não levar a lugar nenhum, eu pensava comigo. Porque tinha jogo que o Yuri parecia que ia comer a bola, sabe? Entendendo tudo, buscando jogo, finalizando bem. Nesses dias, até o Mano parecia mais tranquilo, soltava até um sorrisinho de canto de boca.
Mas aí vinham aquelas partidas que, pelo amor de Deus… O Yuri parecia uma alma penada lá na frente, completamente isolado. Corria pra lá, corria pra cá, mas a bola teimava em não chegar, ou quando chegava, vinha toda torta, um tijolo. E o Mano? Com aquela cara de poucos amigos de sempre, mexendo no time, e a gente do sofá ficava sem entender se o problema era o esquema tático, se era o jogador que não tava num dia bom, ou se simplesmente o santo não bateu naquele dia. Dava uma agonia danada, porque a gente via que tinha potencial ali, mas parecia que as engrenagens não rodavam direito.
O que eu tirei disso tudo (ou não tirei nada)
Sabe o que essa minha “observação” toda me fez lembrar? Me lembrou de um trampo antigo meu, nada a ver com futebol, numa firma qualquer aí. Tinha um chefe lá que era figura. Num dia ele pedia pra gente fazer as coisas de um jeito, no dia seguinte, mudava tudo de novo, sem mais nem menos. A gente ficava igual barata tonta, tentando adivinhar qual era a boa da vez. Ninguém conseguia trabalhar direito, ficava uma confusão dos diabos, e a culpa, claro, nunca era dele. Era sempre “a equipe que não acompanhava o raciocínio”. Que raciocínio, meu filho? Era cada ideia…
Voltando pro Mano e pro Yuri, não tô dizendo que a situação era idêntica, longe disso. Futebol é muito mais complexo, tem mil e uma coisas que influenciam. Tem o time adversário que também joga, tem o estado do gramado, tem o apito do juiz, tem a pressão da torcida que não perdoa. Mas essa minha “prática” de ficar de olho nos dois me deixou com essa pulga: às vezes, a comunicação entre eles parecia um verdadeiro telefone sem fio. Um parecia estar falando grego, o outro entendendo aramaico, e o resultado em campo era uma coisa meio capenga.

No frigir dos ovos, essa minha “análise” serviu mais pra eu ter certeza de uma coisa: de fora, a gente acha que tudo é fácil. “Ah, era só ter feito isso, era só ter escalado o fulano no lugar do ciclano.” Mas lá dentro do campo, meu camarada, o negócio é muito mais embaixo. E essa relação específica de treinador e atacante, ainda mais um técnico cascudo como o Mano e um garoto com potencial como o Yuri, é um barril de pólvora. É muita expectativa em cima, muita cobrança de todo lado, e nem sempre a coisa flui como a gente espera. E eu? Bom, eu continuo aqui, de olho vivo, tentando entender um pouco mais dessa loucura que é o futebol nosso de cada dia, e coçando a cabeça, claro.