Olha, vou te falar, tem dias que a gente se mete nuns projetos que, sinceramente, depois você para e pensa: “Pra quê?”. Passei por uma dessas paradas um tempo atrás, e até hoje me coça a cabeça só de lembrar.
Aquele projeto “inovador” que ninguém pediu
Então, cheguei todo empolgado numa empresa nova, né? Aquela conversa de “transformação digital”, “modernizar tudo”. Me jogaram num projeto que, no papel, era pra ser o suprassumo da modernidade: migrar um sistema véio de guerra, daqueles que rodavam em servidor debaixo da escada, pra nuvem, usando umas tecnologias que tavam na crista da onda.
No começo, mil maravilhas. Reunião pra cá, tapinha nas costas pra lá. “Vai ser um divisor de águas!”, dizia o chefão. Só que, né, o buraco era bem mais embaixo. A gente começou a fuçar no sistema antigo e descobriu cada gambiarra, cada código macarrônico, que dava até tristeza. Parecia que cada desenvolvedor que passou por lá nos últimos 20 anos tinha deixado sua “contribuição artística” sem documentar nada.
E o tal do “apoio da diretoria”? Virou fumaça rapidinho. Quando a gente pedia recurso, era sempre um “vamos ver”, “analisar com calma”. Calma pra quem, né? O prazo comendo solto.
A lista dos problemas que não acabava mais
Aí começou o show de horrores, saca só:
- Resistência interna: O pessoal que mexia no sistema antigo fez de tudo pra dificultar. Parecia que a gente tava tirando o brinquedo favorito deles.
- Falta de conhecimento: A equipe era pequena e, vamos ser honestos, pouca gente realmente dominava as novas ferramentas. Foi muito aprendizado na marra, batendo cabeça.
- Decisões apressadas: Pra “mostrar serviço”, muita coisa foi decidida no grito, sem pensar direito nas consequências. Aí já viu, né? Refatoração em cima de refatoração.
- Documentação? Que documentação?: O sistema legado era uma caixa preta. A gente passava dias tentando entender uma funcionalidade que três linhas de comentário teriam resolvido.
Lembro de uma vez que ficamos uma semana inteira tentando integrar um módulo novo com uma tranqueira antiga que ninguém sabia como funcionava direito. Foi café, pizza fria e muita frustração. No final, a solução foi um “jeitinho brasileiro” que eu tenho até vergonha de contar.
E o pior de tudo? Depois de meses naquele perrengue, com a equipe exausta, o projeto foi engavetado. Isso mesmo. Engavetado. A desculpa oficial foi “mudança de estratégia da empresa”. Mas a real é que virou uma bola de neve tão grande, tão custosa e tão problemática que preferiram fingir que nada aconteceu.
No final das contas, foi um aprendizado, daqueles doídos, sabe? De que não adianta ter a melhor tecnologia do mundo se a cultura da empresa não acompanha, se não tem planejamento de verdade, se as pessoas não estão a fim de colaborar. Às vezes, a gente gasta uma energia danada, vira noite, se descabela, pra no final dar com os burros n’água. Fica a lição, né? Pelo menos isso.