Olha, falando desse jogo, Cruzeiro contra o time lá de Campinas… Eu tava numa pilha danada pra assistir, sabe?

Mas aí, sabe como é, né? Justo no dia do jogo, eu inventei de querer dar uma de esperto e consertar uma infiltração que tava me azucrinando no banheiro. Já fazia tempo aquilo, mas eu sempre deixava pra depois. Pensei: “Ah, hoje eu resolvo isso rapidinho antes do jogo”. Grande erro.
Fui lá, peguei a massa, espátula, aquele negócio todo. Comecei a raspar a parede onde tava o mofo. Aquela poeira subindo… já comecei a me arrepender ali.
Enquanto eu tava naquela função, meu celular apitou. Mensagem no grupo dos amigos: “Vai começar! Cadê você?”. Meu coração deu aquela apertada. Respondi rápido: “Tô terminando um negócio aqui, já entro!”.
Voltei pra parede. Tentei passar a massa corrida pra tampar o buraco que eu mesmo fiz raspando. Mas a consistência não tava boa, sei lá. Ficou uma coisa meio mole, não pegava direito. Que trabalheira inútil!
- Raspei mais um pouco.
- Tentei misturar a massa de novo.
- Passei outra camada.
Nada. A parede parecia que tava rindo da minha cara. E o tempo passando. Olhei pro celular de novo, já tinha uns 15 minutos de jogo rolando. A galera mandando áudio, comentando lance…

Larguei aquela espátula cheia de massa no chão mesmo. Pensei: “Quer saber? Dane-se a infiltração!”. Corri pra sala, liguei a TV voando.
Quando a imagem apareceu… gol do time de Campinas. Bem na hora. Só pode ser brincadeira! Perdi o começo do jogo, me sujei todo, não consertei porcaria nenhuma e ainda vi o time adversário marcar.
Assisti o resto do jogo com aquela sensação amarga, sabe? Cada vez que a câmera mostrava a torcida, eu lembrava da minha parede toda remendada e feia lá no banheiro. Uma droga.
No fim das contas…
O jogo acabou empatado, ou nem lembro direito, a raiva foi tanta. No dia seguinte, a primeira coisa que fiz foi ligar pra um pedreiro de verdade. O cara veio, olhou, riu da minha “arte” na parede e resolveu em menos de uma hora.
Ficou perfeito, claro. Mas a lição que ficou foi: deixa cada um no seu quadrado. Eu sou bom em torcer (e passar raiva), não em consertar parede. Tentar fazer tudo só dá nisso: serviço mal feito e jogo perdido. Nunca mais invento moda em dia de jogo importante.
