Olha, vou te contar uma coisa que tenho visto muito por aí, e na minha própria pele também: essa tal de memória curta. Não falo só da minha, que às vezes esquece onde deixou a chave, mas daquela memória coletiva, sabe? Principalmente no trabalho.

Comecei a reparar nisso num projeto específico, uns tempos atrás. Tinha uma galera nova, cheia de gás, e a gente tocando uma ideia que parecia boa. No começo, tudo flores, reuniões animadas, planejamento… o de sempre. Aí, lá pela metade do caminho, começaram a aparecer uns pepinos. Problemas chatos, que travavam o andamento.
O mais doido é que eu tinha uma sensação forte de déjà vu. Pensei comigo: “Ué, mas a gente já não quebrou a cabeça com isso antes?”. Fui fuçar minhas coisas, conversar com os mais antigos. Dito e feito. Eram os mesmíssimos problemas de um projeto parecido, de uns dois anos antes. Só que ninguém lembrava direito como tinham resolvido da outra vez.
A caça às informações perdidas
Aí começou a saga. Fui atrás de documento antigo, ata de reunião, e-mail… Cadê? Nada. Ou o negócio nunca foi registrado direito, ou se perdeu no limbo dos servidores. Quem participou da outra vez? Ah, um saiu da empresa, outro mudou de área e “não lembrava dos detalhes”. Memória curta, né?
Foi um sufoco. Tivemos que:
- Redescobrir a causa do problema (de novo).
- Testar soluções que provavelmente já tinham sido tentadas (e talvez descartadas por um bom motivo, que ninguém lembrava qual era).
- Gastar um tempo precioso, que dava pra ter usado em coisa nova.
Aquilo me deixou bem frustrado. Ver a gente patinando no mesmo lugar por falta de registro, por puro esquecimento. Parecia que a experiência passada não servia pra nada.

Minha prática pra driblar isso
Diante disso, decidi que, pelo menos na minha parte, eu ia tentar ser diferente. Não dá pra controlar a memória dos outros, mas dá pra tentar criar uns lembretes. Comecei a fazer umas coisas simples:
Primeiro: Passei a anotar tudo. Tudo mesmo. Decisão de reunião? Anotado. Problema que apareceu? Anotado, com detalhes de como foi resolvido. Até ideia que surgia e era descartada, eu anotava o porquê.
Segundo: Tentei organizar isso de um jeito fácil de achar. Nada muito chique, às vezes um documento compartilhado, um caderninho que fosse, mas que eu (e quem mais quisesse) pudesse consultar depois.
Terceiro: Virei meio que o “chato da memória”. Quando surgia uma discussão parecida com algo passado, eu já levantava a mão: “Opa, pessoal, lembram que a gente já viu algo assim? Deixa eu pegar minhas anotações…”. Às vezes funcionava, às vezes me olhavam torto, mas eu tentava.
O resultado? Mais ou menos…
Olha, não vou mentir e dizer que resolveu tudo. Mudar cultura de equipe, de empresa, é osso duro. Ainda tem muita coisa que se perde, muita roda reinventada. Mas, pelo menos pras coisas que passam diretamente por mim, sinto que melhorou. Consigo resgatar umas informações importantes, evito repetir uns erros bobos.

No fim das contas, essa coisa da memória curta é um desafio constante. Exige disciplina pra registrar, pra organizar, pra consultar o passado. Dá trabalho, mas acho que o esforço compensa. Pelo menos, a gente sofre menos com os mesmos problemas de novo e de novo. É um trabalho de formiguinha, mas alguém tem que fazer, né?