Olha, vou contar minha tentativa de entrar na seleção sub-20. Fui no site da CBF achando que era só me inscrever e pronto. Que nada! Nem formulário achei direito. Precisa ir atrás dos clubes locais primeiro, descobri na marra.
Primeiro Passo: Treino de Formiga
Acordei todo dia às 5h pra correr antes da escola. Nem sempre tava com vontade, mas botava o pé no chão mesmo assim. Fazia exercícios com saco de arroz em casa quando não dava pra ir na academia.
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Minha rotina maluca:
- Segunda e Quarta: Corrida em morro + chute em árvore
- Terça e Quinta: Polichinelo com saco de arroz nas costas
- Sexta: Partida com os mlk do bairro até anoitecer
Aprendi na Porrada
Fui em todos os testes que apareciam, até em time de várzea. Tomei uns 3 a 0 feio do time do Ademar, mas anotei tudinho no caderno depois. Perguntava pros jogadores mais velhos como eles faziam os dribles, até encher o saco mesmo.
Fui burro na primeira peneira: tentei fazer firula e o olheiro só gritou “SIMPLIFICA, RAPAZ!”. No outro dia cheguei botando tudo pro lado e cruzando rasteiro. Simples funciona melhor que showzinho.
O Bicho Pegou
Quando vi que precisava de documentos, quase desisti. Certidão de nascimento, atestado médico, declaração da escola… Cada papel era uma viagem de ônibus pra outro bairro. O médico perguntou: “Tá doente? Não? Passa pro próximo!”.
Mas o pior mesmo foi esperar. Ficava olhando o celular 25 horas por dia pra ver se ligavam. Minha mãe já cansou de ouvir “tô esperando um negócio importante!”.
Na Hora H
Cheguei no centro de treinamento tremendo igual vara verde. O técnico deu três gritos que quase caí:
- “BOLA RÁPIDA NO PÉ!”
- “SE PERDEU, VOLTA CORRENDO!”
- “QUEM NÃO SUAR VAI EMBORA!”
Joguei me arrastando no final, pé cheio de bolha. Quando vi que não deu, chorei escondido no vestiário. Mas um observador me chamou: “Vai desistir? Volta mês que vem melhor!”.
Resumo da ópera: Não é fórmula mágica. É acordar cedo, fazer o feio, errar e voltar. Até hoje continuo mandando vídeo pros olhadores – alguns nem respondem, mas um dia pode dar bom. Quem não é visto não é lembrado, e futebol se joga com os pés e com a cabeça dura.