Como eu caí nessa do scudi
Olha, meu dia tava uma porcaria completa. Acordei atrasado, tô cansado pra cacete do trabalho e tudo me irritava. Aí lembrei dum papo que ouvi no mercado: “scudi”. Galera falando que era bom, que mudou o dia deles. Fiquei pensando: “Coisa de gente esquisita, né? Não pode ser…”. Mas o desespero é grande, viu? Decidi tentar, na força do ódio mesmo. Que se dane, pensei.
Primeira coisa que fiz: parei tudo. Simples assim. Tava lavando louça com raiva, larguei a esponja. Fechei os olhos e só respirei fundo umas três vezes. Sério, respiração forte mesmo, aquele ar entrando e saindo. Não tinha um lugar bonito, não acendi vela aromática, tava ali na pia da cozinha com cheiro de detergente barato.
A parte que quase desisti
Comecei a tentar “fazer scudi”. Fiquei parado só sentindo meu corpo. Pé no chão frio da cozinha, mão um pouco molhada. Só prestando atenção nisso. Mas sabe o que aconteceu? Minha cabeça começou a viajar longe! Lembrei do chefe chato, da conta que não paguei, da briga com minha irmã… Quase larguei na hora, quase voltei pra louça com mais raiva ainda. Que viagem da minha cabeça, pensei que não ia dar certo.
Aí lembrei de uma dica boba: quando a mente fugir, é só voltar pro corpo, pro que tá sentindo agora. Não precisa brigar com o pensamento. Então, toda vez que eu viajava, eu voltava pro pé no chão frio ou pra mão um pouco molhada. Parecia idiota, mas fiquei fazendo isso uns 3 minutos (que pareceram meia hora!).
Quando a coisa clicou (ou quase)
Depois de um tempo (nem sei quanto), aconteceu uma coisa esquisita. A tensão nos ombros, aquela coisa apertada que nem reparei que tava, foi diminuindo um pouco. Não sumiu, nada de mágica. Mas ficou menos ruim. E aquela agonia no peito, aquele aperto, também deu uma aliviada. Fiquei impressionado que algo tão simples, só ficar ali parado sentindo o corpo, pudesse fazer isso. Não foi uma paz profunda, não virou um buda, mas foi um alívio real no meio da bad.
Como tô levando agora
Desde esse dia meiota que tentou, virou um negócio obrigatório pra mim. Não todo dia, confesso, mas quando vejo que tá foda, eu paro. Onde quer que eu esteja:
- No ônibus lotado? Feicho os olhos uns instantes, sinto os pés no chão, o banco tocando nas costas.
- No banheiro do trabalho antes de uma reunião? Dois minutinhos só respirando fundo, sentindo o ar entrar e sair.
- Até parado no farol no carro! Olho ao redor, presto atenção nas cores, nos sons (até na buzina irritada).
Não virou mágica, meu dia não virou um conto de fadas. Os problemas continuam todos lá. A grande diferença? É como eu lido com eles. Quando faço esses minutinhos de scudi, sinto que a cabeça fica menos acelerada, menos cheia de pensamento ruim pipocando. Parece que tenho um pouquinho mais de calma pra encarar o que der e vier. É menos estresse acumulando, sabe?
Aprendi que não precisa ser perfeito. Às vezes faço uns 5 minutinhos em casa sentado no chão. Outras vezes é só um suspiro consciente no meio da confusão. O importante é parar, sentir o corpo ali naquele momento. O resto… o resto vai acontecendo. Te juro, vale muito a pena tentar. Foi o melhor achado doido que fiz quando tava no fundo do poço.