A galera vê a Arena Niterói hoje, toda equipada, cheia de evento, e pensa que sempre foi assim, né? Pô, quem dera. Lembro direitinho quando me meti a ajudar num lance lá, e vou te contar, foi uma verdadeira aventura.
Tudo começou com uma ideia de uns amigos: fazer uma pequena feira de tecnologia comunitária. E onde? Arena Niterói, que na época ainda tava engatinhando, com uns espaços vagos, prometendo ser o novo point. Parecia o cenário perfeito, né? Ledo engano, meus caros.
A Saga da Organização
Primeiro, conseguir a autorização. Nossa, que novela! A gente ia de um lado pro outro, papelada que não acabava mais. Parecia que ninguém sabia direito quem era responsável pelo quê. Cada dia era uma informação nova, um carimbo diferente que faltava. Eu mesmo devo ter ido umas cinco vezes só pra pegar uma assinatura que sempre tava “faltando um detalhe”.
Depois veio a parte de infraestrutura. A gente precisava de coisas básicas, mas que viraram um parto pra conseguir:
- Pontos de energia decentes. Prometeram vários, mas no dia D, ou não funcionavam ou a voltagem era uma surpresa. Que sufoco pra não queimar os equipamentos da galera!
- Mesas e cadeiras. Chegaram em cima da hora, e metade parecia que tinha vindo de uma guerra. Umas bambas, outras com encosto quebrado. A gente teve que fazer um garimpo pra achar as “menos piores”.
- Internet. Ah, a internet! Falaram que ia ter uma banda larga top de linha, “fibra ótica pra todo lado”. Na prática? Mal carregava uma foto. Tivemos que apelar pro 4G do celular e rotear pra quem precisava muito.
Lembro de um dia específico, o dia da montagem. A gente precisava passar uns cabos pelo teto pra umas iluminações que levamos. Simples, né? Só que não tinha escada alta o suficiente. Improvisamos com uma mesa em cima da outra – totalmente fora de qualquer norma de segurança, mas era o que tinha pra janta. E a chuva? Claro que começou a chover bem na hora que a gente tava com um monte de equipamento eletrônico perto de uma janela que, descobrimos na marra, tinha uma fresta.
Teve também a história hilária, pra não dizer trágica, do “responsável” pelas chaves do pequeno depósito onde estavam umas divisórias que a gente ia usar pra montar os estandes. O figura simplesmente SUMIU. Desapareceu. Ninguém conseguia contato, telefone desligado. E a gente com o relógio andando, expositores chegando. Virou uma caça ao tesouro humana. Depois de horas de desespero e quase arrombando a porta, encontramos o cidadão tirando um belo cochilo no banheiro dos funcionários, alegando que “só fechou o olho um minutinho”. Minutinho que quase custou o evento!
O Improviso é Rei
A “praça de alimentação” que a gente sonhou, com food trucks e tal? Esquece. Dois dos três confirmados cancelaram na véspera. O que a gente fez? Minha mãe fez um panelão de cachorro-quente, a sogra de um amigo levou uns bolos caseiros, e compramos refrigerante no atacado. Foi tudo no improviso heroico. E quer saber? Vendeu tudo! O pessoal adorou a “comida caseira de evento”.
Cada problema que aparecia, a gente tinha que respirar fundo e pensar: “Ok, como a gente resolve isso AGORA com o que a gente tem?”. Foi uma aula intensiva de gestão de crise com recursos limitados. Pura gambiarra funcional.
No Fim das Contas…
Apesar de todos os perrengues, a feira aconteceu. Não foi o evento dos sonhos, cheio de glamour e perfeição técnica. Longe disso. Teve microfone que falhou bem na hora H, um dos projetores que a gente alugou resolveu queimar no meio de uma apresentação crucial, e o “Wi-Fi super rápido” virou motivo de piada entre os participantes.
Mas, olha, a comunidade abraçou a ideia. As famílias foram, os jovens curiosos apareceram, os pequenos empreendedores locais tiveram seu espaço. Vi gente ali tendo o primeiro contato com programação, com impressão 3D, coisas que a gente conseguiu levar na raça. A energia era boa, de colaboração.
Aquele processo todo, aquela maratona de resolver pepino atrás de pepino, me ensinou muito. Sobre ter paciência (ou aprender na marra), sobre a importância de ter um time que não desiste fácil, e sobre como, às vezes, o “feito” é muito melhor que o “perfeito”, especialmente quando se tem boa vontade.
Hoje em dia, quando passo em frente à Arena Niterói, vejo ela toda estruturada, recebendo shows grandes, eventos esportivos de nome… Dá um orgulho danado. E eu sempre dou aquele sorrisinho maroto lembrando da nossa pequena grande confusão lá nos primórdios. Aquela bagunça organizada faz parte da alma do lugar pra mim. E se me perguntassem se eu passaria por tudo aquilo de novo? Com certeza! Mas talvez com um gerador de energia reserva e umas chaves extras no bolso.